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Batuques, Bordados & Ofícios

Grupo Unidos com Fé
Folia de Reis

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A visita dos reis

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“A Folia de Reis é um folclore religioso, de fé e religião, que tem dois contatos: com os reis do Oriente e com a família de Nazaré.” Quem nos conta essa história é Angelo dos Santos, presidente do grupo Unidos com Fé, que existe desde 1990 em Maringá-PR. Ele nos recebeu em sua casa, junto ao vice-presidente e embaixador, Aparecido Canuto Vieira, e José Maria França, o pandeirista da companhia.

Tudo começa quando os reis Gaspar, Baltazar e Belchior saem em viagem no dia 1º de janeiro para ir ao encontro da família de Nazaré. Após a visita, voltam ao Oriente anunciando o nascimento do menino Jesus a toda humanidade e fazem uma grande festa no dia 6 de janeiro.

Muitos anos depois, esse percurso inspirou o surgimento das Folias de Santos Reis na Espanha, por volta de 1800. A tradição chegou a Portugal e também ao Brasil, onde manifestou-se, principalmente, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais. Angelo nos conta que o “berço” da Folia de Reis é Minas Gerais, que abraçou essa manifestação cultural e religiosa e foi passando para outros estados.

Unidos com Fé

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Em Maringá-PR, a Folia de Reis também está presente. O Unidos com Fé foi fundado em 1990 e, atualmente, é presidido por Angelo dos Santos e Aparecido Canuto Vieira. Eles, que já participaram de outras companhias antes, são os responsáveis pela administração, organização e ornamentação do grupo na cidade, que conta com, aproximadamente, 22 integrantes.

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Nas Companhias de Reis há diferentes funções. O embaixador é responsável por improvisar os versos durante as peregrinações, o bandeirista carrega a bandeira à frente da companhia, os palhaços protegem a bandeira durante todo o trajeto e os foliões cantam as toadas e tocam instrumentos como viola, violão, cavaquinho, bandolim, pandeiro, entre outros.

Nestes 31 anos de história, o grupo “Unidos com Fé” fez apresentações em Juranda, Paraíso do Norte, Jandaia do Sul, Cruzeiro do Sul, Paranavaí, Campo Mourão, Sarandi, Campo Largo e várias outras cidades do Paraná. Receberam prêmios em festivais e tiveram sua história documentada no livro “Folias do Norte do Paraná”, de Lia Marchi e Gilson Camargo.

Fé e tradição

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Ser folião é uma tradição que passa de geração em geração. Angelo conta que os tios eram foliões, que “está no sangue”. O pai (in memoriam) de Aparecido foi um dos fundadores da companhia Unidos com Fé, e suas irmãs e irmãos fazem parte da companhia.

E há também quem dê o primeiro passo: Zé Maria França, pandeirista do Unidos com Fé, recebeu a visita da Folia de Reis em sua casa, que fica na zona rural de Maringá. “Eles passavam lá no sítio, eu segui atrás e estou até hoje no grupo”.

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A saída da bandeira

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A bandeira da Folia de Reis representa os reis e a família da Nazaré. Nela está o presépio — Maria, José e o menino Jesus — e os reis do Oriente — Gaspar, Baltazar e Belchior —, que foram os primeiros a visitá-los.

É por isso que a bandeira vai na frente: ela é a nossa guia. Nós que estamos tocando não podemos ir na frente da bandeira. Se ela chega na casa, não podemos entrar sem que ela entre primeiro. Ela é nossa guia.

– Angelo dos Santos

Tradicionalmente, a saída acontece no dia 24 de dezembro à meia-noite. Mas, atualmente, o grupo maringaense não sai nesse horário, pois participa da missa de Natal. Depois da celebração, saem em peregrinação e vão percorrendo os bairros da cidade e também a zona rural.

Nós tocamos do dia 25 de dezembro até o dia 6 de janeiro. Dia 6, a gente encerra e se prepara para a festa. A bandeira é guardada na casa de algum dos foliões, para fazer a chegada no dia da festa, às 17 horas. Após a celebração de encerramento, começamos a festividade. É muito gostoso.

Aceita a bandeira de reis? Com toda a companhia?

Em Maringá, todos os anos, são mais de 200 famílias que recebem a bandeira de reis em suas casas, e algumas até oferecem almoços e jantares para toda a companhia.

A gente chega nas casas, no portão, e os palhaços perguntam: “O senhor aceita a bandeira de reis? Com toda a companhia?

Durante as visitas, a bandeira entra na frente. Depois, os palhaços e, em seguida, os foliões, que fazem a cantoria. “Às vezes, a gente canta na área, mas algumas pessoas fazem questão de entrar na casa porque tem o presépio”, explica Angelo.

Os palhaços são os guardiões da bandeira. Eles não podem deixar a bandeira em momento nenhum durante a peregrinação. Sempre são dois ou três, um do lado e outro do outro.

– Angelo dos Santos

O presépio é a representação simbólica da família de Nazaré e costuma ser montado durante o período de Natal nas salas das casas das famílias de tradição católica.

Toadas e versos

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Aparecido Canuto Vieira, que é vice-presidente e embaixador do grupo, explica que sua função é puxar versos improvisados para saudar a família que recebeu a visita da Folia de Reis.

“São 7 naipes de voz e, então, cada um fazendo e a gente vai bolando outro verso. Enquanto eles tão respondendo o que você já cantou, você vai bolando outro verso. Essa é minha função.”

A Companhia de Reis tem três linhas: a mineira, a paulista e a baiana. Angelo explica que “cada linha tem uma toada. A mineira é cantada em 7 vozes diferentes, então, cada um tem que fazer uma voz diferente. O mestre puxa, depois tem o contra-mestre, o ajudante, o contralto, tem o tiple, o contra-triple, o tala e o talinha. O Aparecido é o embaixador. Então, ele que puxa, aí vai jogando de um para outro até chegar no talinha, que é a última voz.”

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Festa de Reis

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A festa de encerramento da Folia de Reis acontece no primeiro sábado após o dia 6 de janeiro na Capela Nossa Senhora Aparecida, que foi construída em 1950 e é tombada como patrimônio histórico de Maringá-PR.

O jantar é servido para quem recebeu a companhia em casa e também para quem não recebeu. Além dos convidados locais, pessoas de Marialva, Mandaguaçu e de vários outros lugares do Paraná também participam da festividade, que marca mais um ano de fé, devoção e tradição.

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